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‘Pode ser mais complicado para quem está iniciando’, diz cientista de dados sobre a profissão do momento

Setor é fundamental para inteligência artificial, mas ainda faltam pessoas qualificadas e nem todas as empresas têm olhado com atenção para esse universo, segundo quem está na área. ‘Pode ser mais complicado para quem está iniciando’, diz cientista dados sobre setor
Gustavo Ramos/Arquivo Pessoal
O paraense Gustavo Ramos, de 27 anos, é um cientista de dados, uma das profissões que estão no auge no mundo da TI (tecnologia da informação), principalmente por ser muito ligada à inteligência artificial.
Formado em matemática, ele chegou a dar aulas em uma escola. E o domínio com números e estatísticas contribuiu para o aprendizado e a migração para a ciência de dados, no ano passado.
Enquanto batalha por um emprego fixo, Gustavo aposta em trabalhos remotos e mantém uma comunidade on-line chamada “Açaí com Dados”, para troca de ideias sobre o setor e para promover a profissão na Região Norte.
O QUE FAZ? O cientista é responsável por trazer destaques e soluções para a empresa a partir do que é coletado pelo engenheiro de dados. Então, a estatística está muito presente no dia a dia desses profissionais, o que foi favorável para Gustavo.
Cientistas de dados também trabalham mais próximo da inteligência artificial generativa, um tipo de IA capaz de criar novos conteúdos a partir de ferramentas como o ChatGPT. Daí a carreira estar em ascensão.
Dados obtidos pelo g1 com a plataforma de empregos Catho mostram que a média salarial em 2024 para o cientista de dados está em R$ 7.801.
Comparada a outras carreiras da área de dados, como analista e engenheiro, é a que tem uma remuneração maior.
A remuneração de um cientista, em nível intermediário, pode chegar a R$ 18.700 ao mês, aponta um estudo da consultoria Robert Half divulgado no fim de 2023. Para líderes, chega a R$ 24.100.
A luta dos iniciantes
Gustavo ainda luta para chegar a esses patamares. O primeiro “job” em TI foi conquistado ainda em 2023, junto a uma empresa de varejo, onde ele conseguiu tirar R$ 1.200.
Como freelancer, atualmente ganha pouco mais de R$ 2 mil por mês e sonha em ter um emprego com contrato CLT. Mas diz ter dificuldades para encontrar oportunidades, pois muitas empresas preferem contratar quem já tem experiência.
“Na minha situação atual, como eu divido as contas da casa com outra pessoa, o valor me atende bem, mas, claro, eu gostaria de ganhar mais”, diz Gustavo.
Para aumentar as chances, o paraense passou a estudar a linguagem de programação Python — uma das mais importantes para a área — e fez curso técnico de ciência de dados.
Uma reportagem do g1 publicada no último domingo (7) deu mais dicas para quem quer entrar na ciência de dados e também em profissões correlatas, como de engenharia e de análise de dados.
“Aqui na minha região, mesmo, não se encontra tanto emprego em dados. Por isso, eu tento procurar oportunidades remotas”, conta Gustavo, que mora em Ananindeua, na região metropolitana de Belém.
Ainda faltam investimentos
O matemático também afirma que, mesmo com a área de dados em alta, muitas empresas ainda estão atrasadas no investimento, um cenário que é confirmado por Suelane Garcia Fontes, coordenadora técnica do centro de ciência de dados do Insper.
Segundo ela, existe um movimento das empresas para olharem mais para os dados, mas ainda falta maturidade para o “como investir”.
“Muitas (empresas) contratam o cientista e acham que só ele é suficiente. Falta maturidade para entender como estruturar isso dentro da companhia. Às vezes, ela está tão incipiente que não pensa em ter o analista e o engenheiro”, explica Suelane.
A coordenadora também destaca o fato de a área ser muito nova e faltarem profissionais qualificados.
“Você precisa estudar e se empenhar bastante porque o setor de tecnologia muda muito rápido. Para crescer (como cientista de dados), é preciso ter conhecimentos mais sólidos”, recomenda.
Bruna Zamith, especialista e cientista de dados da Amazon Brasil, alerta sobre a falta de diversidade no mercado. “De alguma forma, os dados deveriam refletir a realidade. Só que, para que eles reflitam a realidade, é preciso diversidade de informações e tem que evitar vieses”, diz.
“E, para que isso aconteça, a gente precisa de pessoas diversas trabalhando com dados, o que ainda é inexistente na área”, finaliza.
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