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Morte de Skowa, criador da banda A Máfia, tira de cena músico importante na cena alternativa de São Paulo

Integrante do Trio Mocotó desde 2003, instrumentista também deixa o nome em bandas como Clube do Choro, Premeditando o Breque e Sossega Leão. ♪ OBITUÁRIO – Ocorrida na noite de ontem, em hospital de Botucatu (SP), a morte de Marco Antonio Gonçalves dos Santos (13 de dezembro de 1955 – 13 de junho de 2024) – o compositor e polivalente instrumentista paulistano conhecido artisticamente como Skowa – tira de cena um artista relevante e pioneiro da cena musical alternativa da cidade natal de São Paulo (SP), onde o músico veio ao mundo há 68 anos na Vila Mariana.
Skowa – que sai de cena em decorrência de complicações da parada cardiorrespiratória sofrida na semana passada – integrava desde 2003 o Trio Mocotó, grupo de samba-rock no qual foi admitido como percussionista para substituir Luiz Carlos de Souza Muniz, o Fritz Escovão, que saíra do trio em 2002.
Contudo, a contribuição musical mais importante de Skowa para o universo pop nacional foi a criação da banda Skowa e A Máfia em 1987.
Com essa banda de black music, cujo som era calcado no funk, Skowa ajudou a renovar o gênero e a agregar a cena black paulistana. E ainda teve direito a 15 minutos de fama nacional quando a banda emplacou nas playlists de 1989 a regravação de Atropelamento e fuga (Akira S e Alex Antunes), música que havia sido lançada na cena underground em 1986 em gravação da banda Akira S e As Garotas que Erraram.
O registro de Skowa e A Máfia está perpetuado no primeiro álbum da banda, La famiglia (1989), cujo repertório continha músicas de Skowa – como Amigo do amigo e Atenção – e releitura de África Brasil (Zumbi) (1976), tema do seminal Jorge Ben Jor, uma das maiores referências musicais de Skowa ao lado de James Brown (1933 – 2006) e Jimi Hendrix (1942 – 1970).
Na curta existência, que durou de 1987 a 1991, a banda Skowa e A Máfia chegou a lançar um segundo álbum, Contraste e movimento (1990), sem bisar o sucesso do primeiro, o que causou a dissolução do grupo.
Contudo, a história de Skowa não começara com A Máfia. Em cena de forma profissional desde 1975, o artista tinha feito parte do Clube do Choro (no qual ingressou em 1977), fundara o Choro Roxo, participara do grupo Sossega Leão em 1983 e tocara com a Gang 90, além de ter integrado o grupo Premeditando o Breque.
O nome artístico, Skowa, foi um drible do músico no preconceito racial sofrido na escola por causa do cabelo black power, alvo de ofensas. Por ter sido xingado de Escova na escola em razão do cabelo, o jovem teve a ideia de se chamar Skowa.
E foi como Skowa que Marco Antonio Gonçalves dos Santos fez nome e história na música brasileira, em especial no desvario da pauliceia nos anos 1980.