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Morre Luiz Chagas, guitarrista da lira paulistana vanguardista dos anos 1980

Parceiro da filha Tulipa Ruiz em músicas como ‘Sushi’, o artista goiano deixa ainda inédito álbum solo ao sair de cena aos 72 anos na cidade de São Paulo. ♪ OBITUÁRIO – Talvez tenha sido por mero acidente que Luiz Antônio Sampaio Chagas (7 de junho de 1952 – 9 de julho de 2024) tenha nascido em Goiânia (GO), cidade que se tornaria um dos centros do universo sertanejo. Afinal, é como um guitarrista referencial na cena musical independente da cidade de São Paulo (SP) que Luiz Chagas fica eternizado ao morrer inesperadamente.
Foi na efervescência de Sampa que Chagas se radicou após morar em várias cidades do Brasil e onde se firmou nas carreiras de instrumentista, compositor, jornalista e tradutor.
Conhecido pelas novas gerações como “o pai de Tulipa Ruiz”, cantora e compositora com quem Chagas fez parceria em músicas como Sushi (2010), o artista morreu na noite de ontem, dormindo, um mês após completar 72 anos, na casa em que vivia com a mulher em São Paulo (SP).
De acordo com informações postadas por Tulipa Ruiz em rede social, o velório do músico acontece hoje, 10 de junho, das 9h às 14h. Já o enterro do corpo de Luiz Chagas está marcado para as 15h30m no Cemitério Congonhas.
Talvez alguns seguidores de Tulipa desconheçam a importância de Luiz Chagas, guitarrista associado ao movimento musical dos anos 1980 rotulado como Vanguarda Paulista. Guitarrista de estilo livre, Luiz Chagas tocou na banda Isca de Polícia, capitaneada por Itamar Assumpção (1949 – 2003), um dos mentores da vanguardista lira paulistana.
Nos últimos cinco anos, Chagas vinha trabalhando no primeiro álbum solo, Música de apartamento, já pronto e gravado com repertório inédito e autoral, mas ainda não lançado. Tornado forçosamente póstumo, esse disco deverá se tornar um inventário de um guitarrista que ganhou um violão na infância, mas não se tornou músico na adolescência.
Quando deixou perpetuado o toque da guitarra em álbuns de Itamar Assumpção como Às próprias custas S/A (1982), Chagas já entrava na casa dos 30 anos e também pagava as contas como jornalista e tradutor.
Foi na década de 1980 que, no rastro da atuação como guitarrista da banda Isca de Polícia, Chagas também trabalhou como compositor de trilhas sonoras de cinema, criando a música de filmes como Anjos do Arrabalde (1987) e Quincas Borba (1988).
Contudo, Luiz Chagas somente se tornou de fato conhecido a partir de 2010 com a ascensão da filha Tulipa Ruiz como cantora de discos produzidor pelo irmão guitarrista Gustavo Ruiz, também filho de Chagas.
No primeiro álbum, Efêmera (2010), Tulipa gravou Às vezes, música de autoria do pai, além da já mencionada Sushi. Outras músicas, compostas por Chagas com Tulipa e Gustavo, também vieram ao mundo, caso de Algo maior, apresentada no terceiro álbum de Tulipa, Dancê (2015).
Naquela altura da vida e da carreira, Luiz Chagas já tinha virado um guia informal, espécie de mentor, para toda uma geração paulistana que se entristece hoje com a inesperada saída de cena do ídolo.