Maria Maud, grupo Samba pra Rua e Maria Marcella ampliam o repertório que saúda Iemanjá em 2 de fevereiro
Tradição de louvar a orixá das águas, padroeira dos pescadores, vem desde os anos 1930 e tem como destaque o cancioneiro imortal do compositor baiano Dorival Caymmi. Maria Maud apresenta ‘02.02’, single produzido por Ariel Donato e Gabriel da Banca com música composta em viagem solitária na pandemia
Daniel Ferreira / Divulgação
♪ Orixá feminino saudada em religiões de matriz africana como a rainha do mar, a padroeira dos pescadores, também evocada como Nossa Senhora dos Navegantes no sincretismo religioso, Iemanjá é louvada com regularidade por compositores e cantores do Brasil desde a criação de uma música popular. Vinda dos anos 1930, essa tradição atravessou o século XXI e permanece atual.
Dois de fevereiro é dia de festa no mar – como sentenciou Dorival Caymmi (1914 – 2008) no samba Dois de fevereiro (1957) – e também dia em que artistas lançam músicas que louvam Iemanjá.
Se em 2023 Carlinhos Brown ampliou esse cancioneiro com Marinheiro do amor, parceria do artista baiano com Jeffrei, neste 2 de fevereiro de 2024 três singles emergem nos aplicativos de áudio com saudações a Iemanjá em gravações feitas pelo grupo baiano Samba pra Rua (com participação do cantor carioca Renato da Rocinha) e pelas cantoras cariocas Maria Maud e Maria Marcella.
Grupo Samba pra Rua posa com a compositora Ana Flauzina, autora do samba inédito ‘Lição do mar’
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Dois singles apresentam músicas inéditas enquanto o terceiro traz à tona composição feita em 1925 e letrada com poema de Cecília Meirelles (1901 – 1964).
As duas músicas novas se juntam a um cancioneiro que destaca composições como Rainha do mar (Dorival Caymmi, 1939), Canto de Iemanjá (Baden Powell e Vinicius de Moraes, 1966), Morena do mar (Dorival Caymmi, 1972), Lenda das sereias – Rainha do mar (Vicente Mattos, Dinoel Sampaio e Arlindo Velloso, 1975), A mãe d’água e a menina (1985), Ogunté (Adriana Calcanhotto, 2019) e Tambor do mar (PC Castilho e Nei Lopes, 2020).
Maria Marcella lança single ‘Berceuse da onda’ com regravação de música erudita composta em 1925
Clarissa Ribeiro
♪ Eis os três singles que versam sobre Iemanjá nesta sexta-feira, 2 de fevereiro, dia de Iemanjá:
Capa do single ‘02.02’, de Maria Maud
Daniel Ferreira
1. 02.02 – Maria Maud
♪ A cantora e compositora carioca Maria Maud apresenta tema autoral, 02.02, composto na pandemia em momento de introspecção de viagem solitária e gravado com produção musical de Ariel Donato e Gabriel da Banca.
A intenção foi criar clima solar, espiritual, com arranjo que harmoniza toque suave de violão com a batida de percussão de matriz africana. Já a letra tem inspiração romântica, bafejada pela força de Iemanjá e pelos mistérios do mar.
Capa do single ‘Lição do mar’, do grupo Samba pra Rua
Divulgação
2. Lição do mar – Samba pra Rua (com participação de Renato da Rocinha)
♪ Grupo que entrou na roda em maio de 2022, com a intenção de revitalizar o samba em regiões periféricas da cidade natal de Salvador (BA), Samba pra Rua apresenta música inédita de Ana Flauzina, compositora que fornece o repertório do grupo. O samba Lição do mar chega hoje ao disco em gravação feita com produção musical e arranjo do violonista Ruan de Souza.
O cantor carioca Renato da Rocinha participa da gravação, dividindo a interpretação com Sérgio Pam, vocalista e percussionista do grupo também integrado por Aisha Araújo (voz), Deia Azevedo (percussão), Deyse Ramos (voz e percussão), Geovane Franco (cavaquinho), Gilvã Oliveira (voz e percussão) e Ruan de Souza (violão).
Capa do single ‘Berceuse da onda’, de Maria Marcella
Clarissa Ribeiro
3. Berceuse da onda – Maria Marcella
♪ Umbandista devota de Iemanjá, a cantora Maria Marcella saúda a orixá das águas com composição de origem erudita. Tema do compositor carioca Oscar Lorenzo Fernández (1897 – 1948), com versos de poema de Cecília Meirelles (1901 – 1964), Berceuse da onda surgiu em 1925 e emerge, quase um século depois, com a apurada técnica vocal de Maria Marcella em single editado pela gravadora Kuarup neste dia 2 de fevereiro.
A intenção foi fazer releitura popular da obra com arranjo, direção musical e violão de Lúcio Rodrigues. A gravação de Berceuse da onda também tem os toques do piano de Renan Francioni, da flauta transversal de Jean Ximenes e da percussão de Luiz de Urjaiss.