Katy Perry decepciona ao estrear nova era com discurso feminista e produtor acusado de abuso sexual
Em novo disco, cantora tem entre colaboradores produtor acusado por Kesha. Nesta quinta, Katy lançou ‘Woman’s World’, 1ª faixa do álbum; leia análise do g1. Katy Perry estreia nova era com discurso feminista e produtor acusado de abuso
Quatro anos depois de seu último trabalho, Katy Perry ressurgiu nesta quinta-feira (11) com “Woman’s World”, música amparada pelo discurso feminista, que esconde a participação de um produtor acusado de abuso sexual.
A faixa é o primeiro single do “143”, sexto álbum de estúdio da cantora e o primeiro desde 2020. O lançamento está previsto para 20 de setembro, mesmo dia em que Katy vai se apresentar no Rock in Rio 2024, na Cidade do Rock, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Marketing pesado
Há meses Katy vem se empenhando no marketing do disco, com aparições em eventos, entrevistas e transmissões ao vivo nas redes sociais. Em junho, para promover o lançamento de “Woman’s World”, ela foi a um evento de moda em Paris usando um vestido com a letra completa da música.
Katy Perry usa vestido com letra da música ‘Woman’s World’ em evento de moda em Paris
Reprodução/Instagram
A letra, por sua vez, é uma sequência de frases empoderadas sobre a força das mulheres e a capacidade delas de dar conta de várias tarefas ao mesmo tempo, sem perder a sensualidade e o “fogo no olhar”.
“É um mundo das mulheres e você tem sorte de viver nele”, diz o refrão.
Por trás da explanação, no entanto, há o nome de Lukasz Sebastian Gottwald, conhecido como Dr. Luke. Katy recebeu críticas ao convidar o produtor para trabalhar em seu novo disco.
Em 2014, Luke foi processado pela cantora Kesha, por “abusos sexuais, físicos, verbais e emocionais”. Na ação, a artista afirmou que o produtor fez com que ela cheirasse uma substância antes de embarcar em um avião e, então, ele a violentou, enquanto ela estava dopada.
O produtor dr. Luke e a cantora Kesha em foto de 2011
Mario Anzuoni/Reuters
Em outra ocasião, segundo Kesha, Luke lhe deu pílulas e ela acordou nua na cama do produtor, sem se lembrar de como havia chegado até lá. Dr. Luke sempre negou as acusações e, em 2023, entrou num acordo com Kesha, que não teve os termos divulgados.
Documentos revelados pela revista “People” em 2018 mostraram que Katy Perry chegou a depor à Justiça no caso, afirmando não ter sido estuprada pelo produtor.
Antes da briga judicial envolvendo Kesha, Luke trabalhou com Katy nos álbuns “One of the Boys” (2008), “Teenage Dream” (2010) e “Prism” (2013). Alguns dos maiores sucessos da carreira da cantora — entre eles, “I Kissed a Girl”, “Hot n Cold”, “Teenage Dream”, “Last Friday Night”, “California Gurls” e “Roar” — tiveram a participação dele.
Luke ficou de fora dos créditos dos dois álbuns seguintes, os mais recentes lançados pro Katy: “Witness” (2017) e “Smile” (2020).
O compositor Lukasz Gottwald, que assina como Dr Luke, ao lado de Katy Perry
Reuters
Pop antiquado
“Woman’s World”, a música de estreia do sexto disco, lembra aquela Katy do passado, mas não num bom sentido.
A faixa é um pop dançante, com referências dos anos 1980 e uma levada que parece legal no início, mas enjoa antes do primeiro minuto. A letra é genérica, superficial e todo o conjunto soa como um pop antiquado, sem ser nostálgico.
No clipe, a cantora aparece como uma versão sexy de Rosie the Riveter, ícone cultural das mulheres que trabalharam em fábricas dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
Katy Perry no clipe da música ‘Woman’s World’
Reprodução/Instagram
O vídeo tenta homenagear e recriar símbolos históricos através de uma perspectiva feminista. Mas o foco acaba sendo os corpos padrões de mulheres com pouca roupa. Sem diversidade e inovação, tudo parece meio deslocado no tempo.
A essa altura, você pode estar se perguntando: não tem nada de bom? “Woman’s World” tem um refrão grudento. Isso pode ser o suficiente na fase atual de Katy — em que ela tem demonstrado estar com muita, muita vontade de fazer sucesso.