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Jaques Morelenbaum, dono do cello mais requisitado da MPB, celebra 70 anos de vida e 50 de obra vasta e plural

Assinatura do artista carioca como músico, arranjador e/ou produtor está impressa na MPB em 900 discos de nomes como Caetano Veloso e Tom Jobim. Jaques Morelenbaum, artista nascido em 18 de maio de 1954, completa hoje 70 anos
Roberto Cifarelli / Divulgação
♪ ANÁLISE – Quando se menciona o nome de Jaques Morelenbaum entre os seguidores da MPB, o violoncelo é o instrumento que vem imediatamente à mente. De fato, o músico, compositor, arranjador, regente e produtor musical carioca chega hoje aos 70 anos como o dono do cello mais requisitado da MPB.
Contudo, a trajetória musical de Morelenbaum extrapola as conexões musicais do artista com gigantes do porte de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) – com quem Morelenbaum trabalhou de 1985 a 1994 como violoncelista e produtor musical da Nova Banda – e Caetano Veloso, de quem foi diretor musical, arranjador e violoncelista de 1991 a 2005, tendo dado forma a álbuns como Livro (1997) e A foreign sound (2004).
Nascido às 19h30m de 18 de maio de 1954 no Rio Comprido, bairro da zona norte carioca, esse “taurino com ascendente em capricórnio e lua em sagitário” também completa 50 anos de carreira em 2024, tomando como ponto de partida a edição em 1974 do primeiro álbum da banda A Barca do Sol.
“Seja lá qual for o resultado dessa receita, na média dos 70 aninhos vividos, o saldo é pra lá de positivo! Como diria meu inesquecível amigo Wilson das Neves: oh sorte!”, celebra Morelenbaum em rede social.
Sim, o saldo é mais do que positivo. Foi em 1973 que A Barca do Sol ancorou em porto carioca com som requintado que combinava influências de folk, música brasileira, rock e música erudita sob o rótulo redutor de “banda de rock progressivo”. Jaques integrava a tripulação ao lado de músicos como o ritmista Marcelo Costa.
Jaques Morelenbaum é também autor de trilhas sonoras de filmes e peças de teatro
Roberto Cifarelli / Divulgação
Foi desse porto seguro que Jaques Morelenbaum partiu para viagem musical que o levou ao mundo todo, seja excursionado em escala planetária com Egberto Gismonti de 1978 a 1983, seja fazendo conexões com músicos internacionais como o britânico Sting, o japonês Ryuichi Sakamoto (1952 – 2023) – com quem começou a tocar em 1992 – e a fadista portuguesa Mariza.
Os números da carreira de Jaques Morelenbaum impressionam. Levantamento feito no fim de 2023 apontou que o artista figura na ficha técnica de nada menos do que 900 álbuns, incluindo discos de nome do porte de Chico Buarque, Gal Costa (1945 – 2022), Gilberto Gil, João Bosco e Tom Jobim.
No cinema, Morelenbaum criou a trilha sonora de 18 filmes entre 1977 e 2018, além de ter participação das trilhas de outras 40 produções cinematográficas. Também fez música para teatro.
Fundador do Quarteto Jobim Morelenbaum e do grupo Morelenbaum2Sakamoto, Jaques Morelenbaum lançou há dez anos o álbum CelloSam3aTrio – Saudade do futuro_Futuro da saudade (2014) com o trio formado pelo próprio Jaques com o violonista Lula Galvão e o baterista Rafael Barata. Com o CelloSam3aTrio, Jaques lançou há dois anos o álbum Flor do milênio (2022).
Sempre em atividade, o artista é o autor do inebriante arranjo da música O canto da terra por um fio (2023), lançada em single em dezembro como primeira amostra do novo álbum de João Bosco, Com a boca cheia de frutas, lançado em 10 de maio. Na faixa, a fricção do violoncelo de Jaques Morelenbaum com o violão do próprio Bosco pareceu evocar deuses da floresta, reiterando a intimidade de Jaques com a deusa música.
Como violoncelista, produtor ou arranjador / regente, Jaques Morelenbaum tem imprimido assinatura indelével na música do Brasil, fazendo o violoncelo desempenhar papéis além dos previstos para o instrumento.
Ô sorte de quem cruzou o caminho profissional com a trajetória artística deste setentão taurino e carioca, dono de obra plural!