Emicida se despede de AmarElo com show em Brasília; ‘Conseguiu erguer um monumento artístico em prol da liberdade’, diz rapper
Artista apresenta último show da turnê nesta sexta-feira (12). Em entrevista ao g1, ele fala sobre carreira, música, próximos passos e relacionamento com Brasília. Emicida traz turnê final de AmarElo para Brasília
Diego Branco
O rapper Emicida apresenta o último show da turnê AmarElo, em Brasília, nesta sexta-feira (12). O álbum, lançado em 2019, atravessou a pandemia de Covid-19, ganhou o Grammy Latino, teve documentário e chegou aos palcos com mais de 120 apresentações em nove países e 55 cidades.
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Em entrevista ao g1, nesta quinta-feira (10), Emicida disse que AmarElo “conseguiu erguer um monumento artístico em prol da liberdade”.
“Do momento em que ele foi concebido até esse momento que a gente tá encerrando, é um projeto que tem uma responsabilidade muito grande no que eu diria que é uma expansão da realidade do Brasil a respeito do que pode ser a música rap”, conta Emicida.
Quando perguntado sobre os novos projetos que estão por vir com o fim da turnê, Emicida diz que precisa descansar.
“Eu vou dormir! A gente viveu muitas coisas, nesse cinco anos do AmarElo. Isso me fez também questionar de alguma maneira essa rotina, essa quantidade de coisas. Porque isso impacta em uma série de coisas no seu psicológico, na sua saúde. E eu preciso, do ponto de vista pessoal mesmo, dar uma pausa por um tempo meio indefinido, sabe? Deixa eu dar uma brecada e estudar minhas coisas”, diz rindo.
‘Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro’
Emicida anuncia turnê de despedida de ‘Amarelo’
Segundo o artista, o álbum “flerta” com diferentes gêneros musicais. A música principal, que também leva o nome AmarElo, tem um sample (pequeno trecho sonoro retirado de obras musicais ou de outras gravações, para posterior reutilização numa nova obra musical) com uma música de Belchior, onde o trecho “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” se popularizou entre a juventude e foi amplamente utilizado nas redes sociais.
“Eu acho que essa é a coisa mais maravilhosa da música rap. Poder fazer um sample. Pegar o trecho de uma música que foi lançada há muito tempo atrás, e trazer ela de novo pra uma nova geração, e mostrar que aquela perspectiva daquele compositor continua conversando com o mundo de hoje. É assim com uma série de canções, porque o Brasil tem uma safra de compositores absurda. A música brasileira é de fato a melhor música do mundo”, afirma Emicida.
De acordo com o rapper, a música de Belchior também é um sample. “Na verdade, Belchior é responsável por popularizar ela, mas quem criou essa frase foi o repentista Zé Limeira”.
“A coisa mais bacana de tudo isso é que o Belchior sampleou o Zé Limeira, a gente sampleou o Belchior, e eu acho que isso dá continuidade a um ciclo de inspiração eterno. E daqui algum tempo, outra pessoa faz outra coisa, como uma composição, uma frase de um poeta brasileiro, e assim dá continuidade a uma cultura tão rica”, explica o artista.
Brasília: Farol do rap feito no Brasil
Emicida
Diego Branco
O rapper já se apresentou muitas vezes em Brasília e considera a capital federal “um farol quando se trata de rap feito no Brasil”.
“Não só de hoje. Daí vem Cambio Negro, Gog, Viela 17, Tribo da Periferia, Hungria… Isso não é uma coisa que é uma página fora da biografia da cidade. Muito pelo contrário. Isso só mostra que a música rap no Distrito Federal tem raízes muito sólidas e muito profundas”, diz o rapper.
Emicida lembra que no começo da carreira teve apoio do DJ Jamaika na capital federal. Jamaika, que era der Ceilândia, morreu no ano passado.
“A primeira vez que a gente tocou em Brasília, ele veio e me disse coisas muito bonitas a respeito da minha trajetória. Num momento que a gente tava recebendo bastante crítica sobre o que é rap, o que não é, o rap da forma tradicional. O Jamaika foi um cara que me chamou de canto uma vez, ali no Conic, e ele falou ‘cara, protege a sua verdade. Faz a música que você acredita que você tem que fazer, a verdade que vem do seu coração e segue’. E isso foi uma coisa que me deu um norte, sobretudo naquele momento caótico”, conta Emicida.
“E tem uma coisa muito bonita de Brasília, que é uma cena cultural muito intensa. Eu sempre dou uma escapada pra ir comprar uns discos de vinil, porque tem umas lojas bacanas. Ver uma rapaziada mais das antigas tocando chorinho. Tem umas coisas muito bonitas mesmo dentro da rotina cultural e musical de Brasília, que me deixa sempre feliz de poder voltar, ter um pouquinho de tempo e passar pra dar uma espiada”, afirma o rapper.
Sobre o show desta sexta-feira, Emicida já agradece antecipadamente aos fãs da capital. “Eu gostaria de agradecer pela trajetória inteira que a gente tem junto. A gente teve muitas idas pra Brasília. E a gente sempre encontrou com um público muito bacana, muito ávido pela música que a gente faz, que envolveu a gente e que propiciou que a gente crescesse mesmo, tanto na região, quanto no Brasil, sabe? Então eu tenho um sentimento de gratidão. E no espetáculo que a gente vai apresentar sexta, isso tá presente elevado a décima potência, onde a energia de tudo isso é a gratidão”, diz.
Emicida em Brasília: AmarElo – A Gira Final
🗓️ Quando: sexta-feira (12)
⏰ Horário: 20h30
📍Local: Arena Lounge da Arena BRB Mané Garrincha
🎫 Ingressos: a partir de R$ 125, pelo site
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