De ligação na fazenda a sonho realizado: como Chitãozinho e Xororó chegaram ao Rock in Rio
Em entrevista exclusiva ao g1, dupla contou os bastidores do convite que vai proporcionar o primeiro show de música sertaneja da história do festival. ‘A gente esperava isso há muitos anos’. Chitãozinho e Xororó falam com exclusividade ao g1
Chitãozinho e Xororó, reconhecida por muitos como a maior e mais influente dupla da história, vão escrever, em setembro, mais um capítulo inédito na cultura do Brasil. Um dos principais festivais de música do mundo, o Rock in Rio vai abrir as portas para o sertanejo pela primeira vez em um dia dedicado aos ritmos brasileiros, e a apresentação do gênero será comandada pelos cantores.
Mas como uma ideia ventilada por anos, de ter música sertaneja em um festival que começou essencialmente focado no rock n roll, finalmente se concretizou? Como a dupla do Paraná, que mora em Campinas (SP) desde a década de 1980, chegou ao Rock in Rio? Em entrevista exclusiva ao g1 na Festa do Peão de Americana, Chitãozinho e Xororó contaram os bastidores do convite.
A história, que ainda não havia sido mencionada pelos artistas, passa por uma ligação para Xororó de férias na fazenda e a certeza da aceitação, considerando que, mesmo com 54 anos de carreira e uma trajetória pautada por rompimento de barreiras, recordes e um legado que influenciou várias gerações sertanejas, a apresentação no Rock in Rio ainda era um sonho de Chitãozinho.
A gente esperava isso há muitos anos. Eu sempre achei que o Rock in Rio faltava música sertaneja. E não é de hoje. Esse ano eles resolveram nos convidar
Veja abaixo os detalhes do chamado:
‘Pequeno defeito’
A ligação de Chitãozinho e Xororó com o Rock in Rio começa com a intermediação de um amigo em comum entre Xororó e Zé Ricardo, vice-presidente artístico do festival, responsável pela contratação dos shows.
O cantor contou ao g1 que estava de férias na fazenda quando recebeu a ligação do amigo, que estava em Los Angeles, dizendo que haviam contado a ele que o evento teria um dia de música sertaneja e, ao saber da informação, deixou claro que sertanejo “se não tiver Chitãozinho e Xororó, não vale”.
“O Zé fez essa ligação só para pedir meu telefone, porque ele sabia que a gente era amigo, aí o Zé me ligou, falou sobre a ideia e eu falei: ‘Cara, de antemão eu já falo que está tudo ok, meu irmão vai adorar, porque ele sempre comentou comigo que só tinha um defeito o Rock in Rio: não tinha música sertaneja’. Então, do ponto de vista do meu irmão, a gente vai estar corrigindo esse pequeno defeito que tinha o Rock in Rio”, brincou Xororó.
Chitãozinho e Xororó na Festa do Peão de Americana
Julio Cesar Costa/g1
Sonho antigo
A certeza da aceitação de Xororó veio de muitas conversas que ele já havia tido com o irmão, que afirmava com frequência que o festival precisava abrir as portas para o estilo musical mais ouvido do Brasil.
“Na verdade a gente é fã, né? De todos os tipos de música, então para a gente vai ser uma noite difícil de falar e de esquecer, porque realmente era um sonho do meu irmão. Eu também confesso que fiquei muito feliz com o convite e vai acontecer. Então vai ser uma noite incrível não somente para a gente como para a música sertaneja”, afirmou Xororó.
Chitãozinho e Xororó vão tocar no Rock in Rio em 21 de setembro durante o “Dia Brasil”, no qual o evento não terá show de nenhum artista internacional pela primeira vez na história – a primeira edição aconteceu em 1985. A apresentação da dupla terá participação de Ana Castela, Simone Mendes, Luan Santana e Júnior Lima. O dia ainda abrirá espaço para nomes do samba, MPB e bossa nova.
“Eu sempre achei que o Rock in Rio é o festival mais importante da história da música. Ele começou com aquele rock mais pesado, que tem até hoje, mas depois ele foi se diversificando, porque a música brasileira é isso, ela é muito rica em culturas diferentes, e que bom que o Rock in Rio agora tem a música sertaneja lá”, explicou Chitãozinho.
Chitãozinho e Xororó na Festa do Peão de Americana
Julio Cesar Costa/g1
‘Todo mundo sai cantando Evidências’
Ao revelar os bastidores do convite ao Rock in Rio, Xororó lembrou que, muitas vezes, o público dos shows de rock deixam as apresentações no Brasil cantando “Evidências”, canção que, além de ter se tornado a maior música da história da dupla, ultrapassou barreiras e se tornou um patrimônio do brasileiro.
Tão patrimônio que o astro do pop Bruno Mars tocou “Evidências” em suas duas apresentações no Brasil no ano passado, durante o festival The Town, que, assim como o Rock in Rio, é organizado pela família do empresário Roberto Medina. Na segunda vez, inclusive, Xororó estava na plateia.
“Eu acho que a grande jogada é que o público que gosta do nosso segmento gosta do rock, quem gosta do rock gosta da gente também, é muito comum as pessoas sairem dos shows de rock cantando Evidências. Por que não ouvir ao vivo com a gente lá no Rock in Rio?”, completou Xororó.
Xororó na Festa do Peão de Americana
Julio Cesar Costa/g1
Nova turnê aos 54 anos de carreira
Chitãozinho e Xororó apresentaram, na Festa do Peão de Americana, um show repaginado da turnê “Por Todos os Tempos”, que percorre as cinco décadas de história da dupla. Alguns ajustes foram feitos, como o acréscimo de algumas músicas e a inclusão de narrações do jornalista Pedro Bial, em áudio, usando a literatura para valorizar o legado dos irmãos.
“A gente acrescentou algumas músicas, tirou outras, colocamos cenários novos, é um show diferente do que a gente gravou o DVD em Nova York, mas o que importa é continuar emocionando as pessoas”, finalizou Chitão.
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