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Como o ‘verde brat’ fez álbum de Charli XCX, uma popstar de nicho, mobilizar famosos e marcas

Cor da capa foi parar no perfil de Léo Santana e da TV Globo. Em disco, cantora faz música dançante profunda e abraça público pequeno, mas fiel e dedicado; veja análise do g1. Quem é do tipo cronicamente on-line deve ter visto, na última semana, um tom duvidoso de verde dominar as redes sociais. A cor neon ganhou o apelido de “verde brat”.
Ela colore a capa minimalista do novo álbum da britânica Charli XCX, cantora, produtora e compositora conhecida principalmente pelos sucessos de aula de spinning “I Love It” (parceria com o grupo sueco Icona Pop) e “Fancy” (com a rapper Iggy Azalea). Os fãs do fenômeno literário “A Culpa É das Estrelas” também ouviram a voz dela em “Boom Clap”, trilha do filme inspirado no livro.
Apesar de ter emplacado hits ao longo de outros cinco álbuns, Charli é hoje o que pode-se chamar de popstar de nicho.
Ao lado de nomes como Carly Rae Jepsen, Lizzo, Troye Sivan e Kim Petras, ela já foi incluída no movimento que a imprensa musical americana chama de “mindie”. São artistas que fazem música pop convencional (ou do “mainstream”), mas com certa autenticidade indie.
Por isso, são escalados para festivais como o Primavera Sound — a britânica se apresentou na edição brasileira do evento em 2022.
A cantora Charli XCX com seu álbum ‘Brat’
Divulgação
Aí você se pergunta: como uma artista muitas vezes definida como alternativa conseguiu causar uma comoção tão grande nas redes? Famosos como Léo Santana brincaram com o “verde brat”, que também apareceu no perfil da TV Globo no Twitter, foi usado pela publicidade e em uma infinidade de memes.
O termo “brat”, usado em inglês para descrever crianças mimadas ou malcomportadas, passou a ser mais pesquisado no Google do que o próprio nome de Charli.
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Reflexão e diversão
A resposta: abraçando seu público e dando a ele um som que aprofunda ainda mais a conexão com uma base de fãs nem tão grande, mas muito fiel e dedicada.
“Brat” é o disco mais ousado da carreira de Charli XCX. Depois de algumas tentativas mais ou menos bem-sucedidas, ela parece não estar mais tão interessada em fazer um grande sucesso comercial, mas sim em agradar um público já muito devoto.
O som é radicalmente dançante, feito para a pista, mas não por isso deixa de ser profundo.
Charli XCX no VMA 2021
Evan Agostini/Invision/AP
A cantora reflete sobre o medo de ser mãe — e o medo de não ser mãe — na música “I Think About It All the Time”; sobre as comparações com outras artistas em “Sympathy Is a Knife” e “Girl, So Confusing” (a última não cita nomes, mas os fãs interpretaram como um recado à neozelandesa Lorde); sobre inseguranças e problemas da indústria do pop em “Rewind”; sobre a morte de sua amiga Sophie, cantora, produtora e DJ escocesa, em “So I”.
Tudo sobre bases eletrônicas vibrantes e criativas, muito influenciadas pelo eletroclash. A vertente de música eletrônica de estética trash, com sintetizadores distorcidos, nasceu em clubes de Nova York e da Europa no fim dos anos 1990 e ficou popular nos anos 2000, quando inspirou trabalhos de nomes como Britney Spears, Lady Gaga e Madonna.
Acumulando elogios da crítica desde seu lançamento, nesta sexta-feira (7), “Brat” equilibra muito bem, em suas 15 faixas, reflexão, experimentação e diversão. É capaz de fazer até os mais preguiçosos terem vontade de sair para a balada — para dançar pensando na vida.