Como Michael Jackson e Quincy Jones criaram ‘Thriller’, o álbum mais vendido de todos os tempos
Cantor e produtor tinham o objetivo de criar um álbum em que ‘todas as músicas fossem hits’. Michael Jackson e Quincy Jones, após a premiação do Grammy de 1984
AP Photo/Doug Pizac
O músico Quincy Jones morreu neste domingo (3) aos 91 anos. Considerado um dos maiores produtores musicais de todos os tempos, ele foi responsável pela produção de discos icônicos, incluindo alguns dos maiores de Michael Jackson.
Quincy ajudou o cantor a desenvolver sua identidade artística, quando Michael inaugurou sua carreira solo em 1979. Juntos, eles fizeram “Off The Wall”, primeiro disco de MJ gravado em idade adulta, que rendeu ainda mais sucesso comercial e aclamação crítica ao jovem cantor.
Então, para seu álbum seguinte, Michael tinha um objetivo em mente: criar um disco onde “cada música fosse matadora”, contou à revista “Ebony”. O cantor era obcecado com números de vendas, e se comparava constantemente a colegas como Prince e Madonna.
“Por que cada música não pode ser um hit? Por que cada música não pode ser tão boa que as pessoas iriam querer comprá-la se você pudesse lançá-la como single? Esse era meu propósito para o próximo álbum”, revelou Michael à “Ebony”.
A criação de ‘Thriller’
Para criar seu segundo disco como artista solo, Michael voltou a convidar Quincy e o compositor britânico Rod Temperton. Eles criaram cerca de 30 músicas para o novo álbum, que pretendia se afastar do som disco que marcou o anterior.
As gravações começaram em abril de 1982 e a primeira música gravada foi “The Girl is Mine”, parceria de MJ com Paul McCartney. A histórica colaboração foi o primeiro single do disco e ficou em segundo lugar nas paradas de música pop, abrindo o caminho para o álbum.
Michael Jackson e Paul McCartney em ‘The Girl Is Mine’
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Então, Quincy e Michael voltaram ao estúdio para criar as próximas músicas, colaborando também com o músico Steve Lukather, da banda Toto.
“Nós estávamos trabalhando cinco noites e cinco dias, sem dormir. E em um ponto, os alto-falantes sobrecarregaram e pegaram fogo”, contou Quincy à revista “Rolling Stone”.
Entre as faixas criadas, estava “Starlight”, uma promissora canção composta por Temperton, que mesclava uma batida dançante e arranjos dramáticos, dignos de uma peça da Broadway. Inspirado pelo amor de Michael por filmes de terror, o britânico transformou a música em “Thriller”.
Então, Quincy procurou sua esposa, Peggy Lipton, que conhecia o ator de terror Vincent Price. Ele deu a voz à arrepiante parte final da música.
Michael e Quincy tinham o objetivo de fazer “o maior álbum da história” e pensaram estrategicamente. “Você tem que ir direto na garganta em quatro, cinco, seis áreas diferentes: rock, adulto contemporâneo, R&B e soul”, disse o produtor para a “Rolling Stone”.
“Quando chegamos a nove músicas, colocamos aquelas ‘de pé’ para ver se elas se sustentavam. Tentei ser o mais objetivo possível e pegar as quatro mais fracas daquelas nove e substituí-las. Elas não eram fracas, era um material ótimo, mas você tem que ser realista.”
‘Thriller’, de Michael Jackson
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As sessões incluíram “Billie Jean”, inspirada em uma história real na vida de Michael Jackson. Outra adesão importante foi quando Jones sentiu que precisava de uma “forte música rock and roll”, e convidou o guitarrista Eddie Van Halen para um solo matador. Dessa ideia, nasceu “Beat It”.
No fim, Michael e Quincy chegaram a nove músicas, mas ainda não estavam totalmente satisfeitos com o resultado final. Eles remixaram o disco inteiro e finalmente o lançaram em 29 de novembro de 1982, com músicas como “Wanna Be Startin’ Something”, “Human Nature” e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”.
O projeto do cantor, então com 24 anos, e do veterano produtor deu certo. Até o fim de 1983, “Thriller” havia vendido 32 milhões de cópias no mundo todo. Segundo o Guinness World Records, ainda se trata do álbum mais vendido de todos os tempos.
“Todo mundo entra no estúdio para fazer o maior disco do mundo. Você se surpreende quando isso não acontece, na verdade. Nós tivemos sorte”, disse Quincy em uma entrevista no programa “Letterman”.
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