Como James Earl Jones virou a voz de Darth Vader; ator morreu aos 93 anos
A voz característica seria uma marca na carreira bem sucedida de James. O ator também conquistou o público infantil ao dublar Mufasa, o pai do protagonista de “O Rei Leão” (1994). James Earl Jones na 43ª edição do Emmy, em 1991
Nick Ut/AP
Morto aos 93 anos nesta segunda-feira (9), o ator James Earl Jones é conhecido por ser a voz de Darth Vader na franquia “Star Wars”.
Ele recebeu o convite para gravar a imponente voz do personagem em 1977. Naquela época, George Lucas, o criador da série, já havia escalado o ator David Prowse para interpretar o vilão, mas continuava à procura de mais um artista — alguém capaz de falar de forma mais impactante.
“[David Prowse] tinha um leve sotaque escocês, e sua voz não era como o som de um baixo, mas sim como a de um tenor. É uma voz muito eficaz. Mas George percebeu que queria, desculpe a expressão, uma voz ‘mais sombria’. Então, ele contratou um homem que gagueja, nascido no Mississippi e criado em Michigan. Essa é a voz. Esse sou eu. Eu tive sorte”, disse James em uma entrevista ao American Film Institute em 2009.
“Acho que primeiro George pensou [em contratar o ator] Orson Welles. Depois, pensou que [a voz dele] seria muito fácil de reconhecer”, contou James, em entrevista Conan O’Brien, em 1995.
Segundo o americano, foram necessárias cerca de duas horas e meia para ele gravar as falas de Darth Vader em “Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança” (na época ainda “Guerra nas Estrelas”, no Brasil).
A princípio, James não queria ser creditado pelo trabalho. Só foi aparecer nos créditos da série a partir de 1983, com o terceiro filme.
Depois de repetir a atuação nos três filmes da trilogia principal, ele voltou à capa e ao capacete para “Rogue One: Uma História Star Wars” (2016).
James Earl Jones no Paris Theater, em Nova York (EUA), em 2012
Evan Agostini/AP
A carreira
A voz característica seria uma marca na carreira bem sucedida de James. O ator também conquistou o público infantil ao dublar Mufasa, o pai do protagonista de “O Rei Leão” (1994).
Sua interpretação (e timbre) foram tão marcantes que ele foi um dos poucos do elenco original a voltar para a nova versão computadorizada de 2019.
Amado e respeitado por diferentes gerações de colegas e de fãs, o americano é um dos poucos atores ganhadores dos maiores prêmios da TV (Emmy), música (Grammy), teatro (Tony) e cinema (Oscar) — uma classe conhecida popularmente como EGOT.
Depois de servir no exército americano durante a Guerra da Coréia, nos anos 1950, Earl Jones começou uma carreira nos palcos. Sua estreia na Broadway, região de Nova York onde as peças mais prestigiadas são apresentadas, aconteceu em 1957.
Em 1968, ganhou seu primeiro Tony como o protagonista da peça “The great white hope”. O papel lhe rendeu ainda uma indicação ao Oscar em 1970, pela adaptação da obra para o cinema, “A grande esperança branca”.
Seu primeiro trabalho no cinema aconteceu alguns anos antes, em 1964, no clássico “Dr. Fantástico”, de Stanley Kubrick. Mas o personagem mais marcante de sua carreira, ou o que o deixaria mais conhecido pelo mundo, levaria mais 13 anos.
Seu último trabalho no cinema aconteceu em 2021, ao retornar a outro personagem da realiza como o rei Jaffe Joffer de “Um príncipe em Nova York 2”, com Eddie Murphy.
Apesar de não receber uma estatueta por nenhum trabalho específico, o ator ganhou o Oscar honorário em 2012.
Já no Emmy ganhou duas vezes, ambas em 1991, por “Conflito em Los Angeles” e “Anjo Maldito”, além de outras seis indicações.
Pelo teatro, ganhou dois Tony de melhor ator e um honorário. Seu Grammy veio na categoria de narração em audiolivro, por “Great American Documents”, em 1977.
De acordo com o site Deadline, ele estava em sua casa, em Nova York, nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por seus agentes. A causa da morte não foi divulgada.