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Cantora Clementina de Jesus, voz da ancestralidade, foi a mãe que embalou o Brasil e o religou ao berço africano

♪ MEMÓRIA – Hoje, 12 de maio de 2024, por ser Dia das mães, é dia de louvar o canto de Clementina de Jesus. País de solo fértil que gera grandes cantoras desde antes de o samba ser samba, o Brasil tem muitas mães nos lares governados por mulheres. E também muitas mães na música brasileira, mas nenhuma com a alta carga espiritual do canto de Clementina.
Natural de Valença (RJ), a cantora fluminense Clementina de Jesus da Silva (7 de fevereiro de 1901 – 19 de julho de 1987) é uma mãe de muitas vozes do Brasil por ter sido a voz da ancestralidade.
Foi o canto de Quelé – apelido carinhoso dessa cantora carioca revelada em dezembro de 1964, quando já contabilizava 63 anos de vida – que embalou muitas cantoras, revolvendo as raízes ancestrais da negritude, árvore frondosa que sustenta a música do Brasil. Clementina é o elo que reconectou o Brasil com a África, berço da música do mundo.
Voz que carregava toda a ancestralidade embutida na cultura afro-brasileira, Clementina de Jesus se eternizou ao cantar curimas, jongos, sambas e partidos altos, apre(e)ndidos por Quelé por meio da tradição ora que passa de geração para geração essa cultura afro-brasileira dos negros escravizados.
Clementina foi mestra diplomada informalmente na festas sagradas e profanas da cidade do Rio de Janeiro (RJ). O canto da artista foi fruto da presença forte de Clementina em blocos carnavalescos, Folias de Reis, rituais de Candomblé, pagodes e reuniões organizadas pelas muitas tias anônimas que plantaram em solo carioca as raízes dos ritmos africanos que dariam origem ao samba.
O legado matricial da artista está perpetuado em discografia que, entre álbuns individuais e registros coletivos, é composta por dez discos lançados entre 1965 e 1982.
Viva Clementina de Jesus, mãe das vozes do Brasil!