Antonio Fischer-Band mergulha no mar revolto de climas e texturas do autoral álbum de estreia ‘Banda de pescadores’
Antonio Fischer-Band toca vários instrumentos ao longo das 13 faixas do primeiro álbum, ‘Banda de pescadores’, no mundo em 21 de novembro
Jorge Bispo / Divulgação
Capa do álbum ‘Banda de pescadores’, de Antonio Fischer-Band
Jorge Bispo com arte de Isabella Moriconi e com pinturas e xilogravuras de Rayane Damasceno
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Banda de pescadores
Artista: Antonio Fischer-Band
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ O primeiro álbum autoral de Antonio Fischer-Band – Banda de pescadores, programado para ser arremessado no mar de lançamentos fonográficos de 21 de novembro – está em sintonia com o som experimental do Ant-Art, duo carioca formado pelos multi-instrumentistas Antonio Fischer e Arthur Martau.
O duo teve a visibilidade aumentada na cena alternativa carioca a partir do encontro com a cantora Simone Mazzer em show de 2018 e disco de 2022, Deixa ela falar, álbum potente produzido pelo Ant-Art. Filho da pianista Delia Fischer, Antonio debuta solo com álbum imerso em texturas e climas da produção musical também creditada ao Ant-Art.
Mesmo quando se aproxima timidamente do formato da canção, como na primeira abordagem de Não sou baleia (a música é reprisada na quinta faixa com colagens e teclados do DJ Ruivin), Antonio Fischer-Band se distancia do padrão pop.
Com 11 temas que versam sobre o universo marítimo, o disco Banda de pescadores às vezes soa mergulhado em mar revolto, como exemplifica a intrincada arquitetura instrumental de Vara de pesca nº 1, mas emergem delicadezas nas 13 faixas. Como o toque do piano de Antonio Fisher em Somos tartarugas, música gravada com a voz das cantoras Leila Maria e Isa Morix.
Tema que rola nos aplicativos desde 26 de setembro, como primeiro single do álbum Banda de pescadores, Bola de pilates exemplifica a ant-art de Antonio Fischer-Band.
“Eu vou tentar brincar com as sete cordas sem dar nó”, avisa Antonio Fischer-Band, com certa ironia, em versos da canção O mar que ficou a te esperar.
É difícil evitar o nó na cabeça de ouvintes que esperem sons mais convencionais quando forem escutar faixas como Cavalos-marinhos urbanos e Nosso verde-musgo.
Multi-instrumentista, Antonio Fischer-Band justifica o nome artístico e, como homem-banda, se reveza nos toques de violão, piano, baixo, teclados, glockenspiel, bumbo e guitarra ao longo das 13 faixas, além de ter pilotado programações e de ter criado a maioria dos efeitos.
Sem falar que nove das 11 composições são da lavra solitária do artista. As exceções são Meu lilás e Piranhas, parcerias de Antonio com Maria Wamser e Flow Nzinga, respectivamente.
Entre os ruídos e efeitos que banham composições como Baiacu radioativo e Algas marinhas, Antonio Fischer-Band emerge na cena indie com álbum de timbragens inusitadas, disco difícil de rotular e de ser ouvido por quem é refratário às experimentações. E ninguém – nem o artista e muito menos os ouvintes – deve ser minimizado por isso.
É que a Banda de pescadores de Antonio Fischer-Band não toca conforme a música considerada palatável.
Antonio Fischer-Band assina a produção musical do álbum ‘Banda de pescadores’ com Arthur Martau, com quem forma o duo carioca Ant-Art
Jorge Bispo / Divulgação